segunda-feira, 22 de novembro de 2010

COMENTÁRIO DO SALMO 23

O Senhor é o meu pastor;
nada me faltará.
Deitar-me faz em verdes pastos,
guia-me mansamente às águas tranqüilas.
Refrigera a minha alma;
guia-me pelas veredas da justiça
por amor do seu nome.
Ainda que eu andasse
pelo vale da sombra da morte,
não temeria mal algum,
porque tu estás comigo;
a tua vara e o teu cajado me consolam.
Preparas uma mesa perante mim
na presença dos meus inimigos,
unges a minha cabeça com óleo,
o meu cálice trasborda.
Certamente que a bondade e a misericórdia
me seguirão todos os dias da minha vida;
e habitarei na Casa do Senhor por longos dias.

“O Senhor é o meu pastor” o nome de Deus era considerado santo em demasia pelos judeus, tanto é assim que o tetragrama YHWH é impronunciável. Quando os escribas do Antigo Testamento iam escrever o nome de Deus, tomavam um banho, pegavam uma pena nova e quebravam a mesma depois de ter escrito o nome santo. Esse Deus tão poderoso é nosso pastor. Ele é o pai que nos pede para deixar de lado todos os impedimentos e todas as nossas cargas que não deixam segui-Lo. Quando um pai vê o filho de cinco anos tentando puxar da esteira rolante a mala da família, o que ele diz? O pai dirá ao filho o mesmo que Deus diria a nós: “Largue, filho. Eu a carregarei”.
Quando Davi, que era um soldado, um menestrel e um embaixador de Deus, buscou uma ilustração de Deus, veio-lhe à mente os seus dias como pastor. Recordou-se de como dispensava atenção às ovelhas, dia e noite. Ele dormia com elas e velava por elas. Ele escolheu essa ilustração porque todos param quando o embaixador fala. Todos escutam quando o menestrel de Deus canta. Todos aplaudem quando o soldado de Deus passa. Entretanto, quem percebe quando a ovelha de Deus aparece? Quem nota quando a ovelha de Deus canta, fala, ou atua? Apenas uma pessoa percebe. O pastor. Somente o pastor é que poderia perceber o quanto nós somos simples perante os demais, mas não para Ele.
“... nada me faltará”. O que temos em Deus é maior que o que não temos na vida. Nossos bens não são nossos, ninguém leva nada consigo quando morre. E esses bens não somos nós também. O Senhor nos conhece não pelo que possuímos, mas pelo nosso coração. Quando entregamos a Deus nosso descontentamento pelas coisas que não possuímos, não apenas desistimos de algo, mas ganhamos a alegria de dizer que o que temos no nosso pastor é maior do que nós não temos na vida. Nós temos um Deus que nos escuta, temos o poder do amor atrás de nós, o Espírito Santo dentro de nós, e todo o céu a nossa frente.
“Deitar-me faz em verdes pastos”. Pastagens verdes não era o relevo natural da Judéia. Os montes à volta de Belém, onde Davi guardava o seu rebanho, não eram verdes e viçosos. Ainda hoje, são pálidos e tostados. Qualquer pasto verde na Judéia é trabalho de algum pastor. Ele limpou o terreno tosco e rochoso. Os tocos foram arrastados, e os galhos, queimados. Irrigação. Cultivo. Assim é o trabalho de um pastor. Portanto, quando Davi diz: “Deitar-me faz em verdes pastos”, está dizendo: “Meu pastor me faz deitar em seu trabalho terminado”. Ele convida-nos a descansar lá.
“... guia-me mansamente às águas tranqüilas”, a ajuda de Deus é oportuna. Ele ajuda-nos do mesmo modo que um pai dá passagens de avião a sua família. Quando um pastor viajava com suas filhas, levava todas as passagens na mochila. À hora do embarque, colocava-se entre o atendente e suas filhas. À medida que cada uma passava, colocava a passagem em sua mão. Elas, por sua vez, a entregava ao comandante. Cada uma recebia a passagem no momento exato. O que ele fazia pelas suas filhas Deus faz por nós. Ele se interpõe entre nós e a necessidade. E na hora certa, dá a nós a passagem. Deus nos guia. Deus fará a coisa certa na hora certa. “Encaremos os problemas de hoje com a força de hoje. Não comecemos a atacar os problemas de amanhã, até que o amanhã chegue. Nós ainda não temos a força de amanhã. Nós só temos o suficiente para hoje”.
“Refrigera a minha alma” Se por acaso você fosse uma ovelha perdida na borda de um penhasco, ou um citadino atrapalhado, sozinho na selva espessa sem saber o que fazer nem saber para onde ir, tudo muda quando aparece seu Salvador. Sua solidão diminui porque você tem companhia. Seu desespero decresce porque você tem visão. Sua confusão começa a se dissipar, porque você tem direção. Mesmo que não tenha saído do penhasco, o da selva espessa, a selva não mudou, mas você sim. Você mudou porque tem esperança porque encontrou alguém que pode guiá-lo para fora.
“... guia-me pelas veredas da justiça”. Todos nós, ocasionalmente fazemos o que é certo. Uns poucos fazem, predominantemente, o que é certo. Mas alguns de nós fazemos sempre o que é certo? De acordo com Paulo, não. “Não há um justo, nem um sequer”. Devemos confessar nossas necessidades a Ele, reconhecendo que não somos justos e deixar Ele nos justificar por meio do seu Filho porque reto é o que Deus é, e, sim, reto é o que nós não somos, e, sim, retidão é o que Deus requer.
“... por amor do seu nome” Todas as obras que Ele faz nas nossas vidas são simplesmente para exaltar o nome dEle, nós não temos mérito algum nisso, tudo quanto ele fizer nas nossas vidas é somente para engrandecer Seu nome.
“Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo” Quando um pai voltava no carro junto com seus filhos do enterro da sua esposa, uma carreta ultrapassou eles e a sombra da carreta “atropelou” o carro. Então o pai de família perguntou aos filhos “vocês prefeririam que fôssemos atropelados pela carreta ou pela sombra da carreta?” – “é claro que pela sombra”, respondeu um dos filhos. Jesus foi “atropelado” na cruz pelos nossos pecados mais de 2000 anos atrás para que somente a “sombra da morte” chegasse a nós sem nos atingir, a não ser isso: simplesmente a sombra. E Ele estaria conosco assim como prometeu: “eis aqui que estou com vocês todos os dias...”.
“... a tua vara e o teu cajado me consolam” em caso de nos desviar do caminho, ele usa sua “vara de justiça” para nos corrigir e fazer-nos voltar ao caminho.
“Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos”. Assim como Pedro que negou a Jesus, o Diabo estava zombando do coitado de Pedro, deixou ele sem vontade de mais nada, ele voltou ao seu antigo ofício de pescador, mas mesmo assim, Jesus esperou por Pedro na beira do mar da Galiléia e preparou um café da manhã para Pedro, mostrando o perdão para ele e envergonhando o Diabo. Dessa maneira também, Ele nos exaltará no momento certo, mesmo que tudo pareça contrário, mas chegada a hora Ele preparará um banquete para nós em presença de nossos inimigos.
“... unges a minha cabeça com óleo”. Assim como as ovelhas são ungidas pelo pastor para que as moscas não as perturbem e para curá-las quando machucadas, assim também Ele unge nossa cabeça com o óleo do Espírito Santo para afastar-nos do mal, das más influências e para sarar nossa alma aflita.
“... o meu cálice trasborda”. Quando um judeu tinha um hóspede, colocava uma taça na mesa, enquanto a taça estivesse cheia, a presença do hóspede era bem aceita. Quando a taça aparecia vazia, estava na hora de o hóspede ir embora. Dessa forma, podemos interpretar que nosso Deus se agrada de estar perto de nós o tempo todo, nosso cálice “trasborda!”.
“Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida” Se o pastor é quem nos guia, a bondade e a misericórdia vão atrás de nós como dos fortes cachorros guardiões para nos guardar do que possa nos perseguir.
“e habitarei na Casa do Senhor por longos dias” Tomemos o exemplo de uma família que quer adotar um cachorrinho, vá à casa do vizinho para encomendar um cachorro que nascerá da cadela que está grávida. Em casa tem a casinha onde irá morar o cachorrinho, tem a cuia para sua comida, tem até o nome escrito na porta da casinha. Assim também nós esperamos aquele dia quando Ele nos tirará deste mundo para morar nas moradas que Ele tem nos preparado nos céus desde a fundação do mundo.

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